domingo, 22 de maio de 2016

TRAJETÓRIA METODOLÓGICA


 As plantas e seus componentes vêm sendo usados desde antes de Cristo (a.C.) pelos homens, com objetivos religiosos, medicinais e de incremento da beleza. No período Paleolítico (10000 a.C), a descoberta de utensílios trabalhados em lascas de pedra rústica proporcionaram a possibilidade da forma de vida em tribos (e não mais nômades), o que pôde trazer maior conhecimento sobre a natureza. Já no período Neolítico (4000 a.C.), o homem da tribo cultivava plantas e aprendeu a extrair os óleos graxos vegetais através de pressão aplicada por meio de pedras. Já eram conhecidos os níveis de toxicidade de algumas plantas, que passaram a ser usadas com muita cautela. A história da terapêutica começa, provavelmente, por Mitridates, no século II a.C., sendo ele considerado o primeiro farmacologista experimental. Em meados do século passado, foi encontrado em Luxor, no Egito, o Papiro de Ébers, de 1550 a.C., no qual estavam registradas 700 drogas diferentes, inclusive extratos de plantas. Nos rituais que envolviam fogueiras, muitas vezes os homens queimavam plantas aromá- ticas e descobriam que sua fumaça provocava ora sonolência, ora revigoramento, e outras sensações, evidenciando desta forma algumas de suas propriedades curativas. Observando os efeitos da “fumaça” sobre a mente, a humanidade passou a atribuir poder à mesma. A palavra perfume tem sua origem no latim “per fumum”, que quer dizer “através da fuma- ça”. Os perfumes eram usados em rituais para agradar as divindades. Foi encontrado no Iraque, em 1975, por arqueólogos, o esqueleto humano de seis mil anos de Shanidar IV (líder religioso de grande conhecimento botânico), ao lado de depósitos de pólen, jacintos e ervas. Acredita-se ter sido este o primeiro ritual que teria utilizado plantas, flores e aromas. Os egípcios queimavam olíbano ao nascer do sol, em homenagem ao deus Rá (do sol), e mirra ao chegar a noite. Embalsamavam os corpos com mirra pura moída, canela e essências diversas. Era comum na medicina egípcia o uso de mirra como antiinflamatório e o tratamento de fraturas ósseas com misturas de plantas e óleos. Entre 2551 e 28 a.C., foram datados os primeiros registros sobre o uso das ervas na medicina, após o desenvolvimento da técnica de fabricação do papiro. “Na tumba do faraó Quefén, guardada pela esfinge de Gizé, eram realizadas oferendas devocionais de incenso e olíbano”. Já na tumba de Tutancamon (1550-1295 a.C.) foram encontrados óleos aromáticos de cedro, coentro, mirra, olíbano e zimbro (Corazza, 2002). A rainha da 18º dinastia (1550-1295 a.C.), Hatshepsut, utilizava mirra para massagear e perfumar suas pernas. Mas foi apenas no reinado dos Ramsés (800-700 a.C.) que o cuidado com a aparência chega ao auge, devido ao costume dos egípcios perfumarem a água do banho com ervas aromáticas, com predominância de olíbano. Na perfumaria sedutora, foi Cleópatra (69- 30 a.C.) que se destacou, com o perfume cyprinum, feito com óleo essencial das flores de henna, açafrão, menta e zimbro. Segundo Kaly (1963), foram poucos os povos que se esmeraram na elaboração e utiliza- ção dos perfumes. Os gregos relacionavam os aromas aos deuses do Olimpo. Tinham, assim como os egípcios, o hábito de ungir os mortos, queimar incenso, e perfumar a si mesmos para que sua beleza pudesse ser notada. Confeccionavam guirlandas de rosas para amenizar os sintomas da enxaqueca. Na Ilha de Creta, utilizavam-se ervas aromáticas como o açafrão, o pinheiro-de-creta e o cipreste como antissépticos. No oráculo de Delfos, as sacerdotisas queimavam mirra e incenso e maceravam flores. Nas olimpíadas, a recompensa do vencedor era uma coroa de louro aromático. Foi Ibn Sina, conhecido como Avicena (980- 1037), quem criou o processo de destilação, extraindo o óleo essencial de rosas e elaborou a água-de-rosas, feita com Rosa centifolia, na Europa das Cruzadas. As mulheres dos haréns perfumavam o hálito e o corpo com banhos e loções de feno-grego. Na Idade Média, invadida pela peste, os aromas eram de extrema importância, pois acreditava-se que contaminavam o ar purificado; ao visitar doentes, os médicos queimavam ervas aromáticas. Já no século XVIII, foi Hahnemann que “reafirmou a importância das plantas, das flores e dos aromas” (Kaly, 1963). Os farmacêuticos Cadeac, Meunir, Gaffi, Cajola e Chamberland, foram de extrema importância ao estudo dos perfumes, e René Maurice Gatefossé foi o primeiro a falar de aromaterapia, em 1928. Na França feudal, sementes e demais compostos aromáticos derivados da violeta, lavanda e flor de laranjeira eram vendidos para serem usados como proteção contra as pragas. Com a decadência dos feudos e o surgimento do comércio urbano, teve início a fabricação de perfumes, de modo organizado. A primeira descrição autêntica e detalhada sobre óleos essenciais foi feita apenas no século XIII, por Arnold Villanova de Bachuone, relacionando terebintina, alecrim e sálvia. Logo após, vá- rios outros óleos essenciais foram destilados, dentre eles os de arruda, canela e sândalo. 
 Centro Universitário S. Camilo, São Paulo,

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